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Cardiofitness: a prática e os seus benefícios para a pessoa idosa

Cardiofitness: a prática e os seus benefícios para a pessoa idosa

O treinamento cardiofitness refere-se a exercícios e atividades físicas, que têm como objetivo principal, melhorar a capacidade cardiovascular e respiratória, bem como a
resistência do corpo. Esse tipo de treinamento é frequentemente associado ao fortalecimento do sistema cardiovascular, que inclui o coração, os vasos sanguíneos e
os pulmões, remetendo-nos ao termo - treinamento cardiorrespiratório. Outros termos reconhecidos como cardiofitness são: atividade aeróbica ou atividade aeróbia; todas
indicam atividades executadas pelos sistemas cardiorrespiratórios, manifestadas pela absorção máxima de oxigênio, tanto pelos sistemas como pelo
oxigênio disposto na periferia do corpo, como membros inferiores e superiores.

Segundo o Physical Activity Guidelines Advisory Committee Scientific Report (2018), a resistência cardiorrespiratória é a capacidade de realizar trabalho prolongado em uma
determinada intensidade, evitando a fadiga; reforçando que, capacidade de realizar tarefas diárias com vigor e agilidade, sem cansaço indevido, e com muita energia para
desfrutar de atividades de lazer e responder às emergências, é fundamental para uma boa aptidão física, sendo a capacidade cardiorrespiratória uma das valências mais
importantes para o processo de envelhecimento.

À medida que envelhecemos, várias mudanças fisiológicas podem afetar a capacidade cardiorrespiratória em pessoas idosas; no entanto, é importante notar que este
processo natural da vida, não afeta a todos da mesma forma; e os níveis de aptidão física e as mudanças associadas podem variar significativamente de pessoa para
pessoa.

As mudanças físicas ocorridas no envelhecimento são causadas por deterioração estruturais ou funcionais nos sistemas, doenças degenerativas, decréscimo dos níveis
de atividade física (sedentarismo). Entre as mudanças nos sistemas, na função pulmonar ocorre a diminuição da capacidade e da troca gasosa, a redução da
elasticidade pulmonar, um maior enrijecimento da caixa torácica, o que diminui o fluxo expiratório, aumentando o volume residual, o que consequentemente, acarreta
alterações importantes na queda do VO 2 max (consumo máximo de oxigênio).

Por outro lado, as mudanças no sistema cardíaco ocorrem por meio da diminuição da capacidade cardíaca; o coração pode apresentar redução do volume de ejeção e da
frequência cardíaca máxima, afetando o débito cardíaco, ou seja, há uma redução desse débito, assim como do volume sistólico (quantidade de sangue bombeada pelo
coração por minuto). Essa condição acarreta alterações na diferença arteriovenosa de oxigênio, desta forma, a capacidade de ejeção e circulação de sangue durante um
exercício físico fica mais lenta, com prejuízo das funções das células cardíacas e do sistema nervoso que regula a função cardíaca (SEALS, EDWARD, 2016;
SILVERTHORN, 2016; FERREIRA, RODRIGUES, SOARES, 2017; RAMIREZ-VELEZ, et. al., 2017).

Diante destas transformações, o treinamento cardiofitness pode contribuir com adaptações fisiológicas importantes como: aumento do volume sanguíneo por
consequência do aumento da complacência ventricular, retorno venoso, maior contratilidade do coração, fazendo com que todo o sistema seja otimizado pelo
acréscimo do fluxo sanguíneo em todas as musculaturas ativas, bem como melhora a capacidade de transporte de oxigênio pelos pulmões.

Nesse sentido, de acordo com o American College of Sports Medicine (2008 apud Chodzko-Zalko et. al., 2009), bem como o Guia da Atividade Física para a População
Brasileira (2021), destacamos a recomendação da prática de exercícios e atividades físicas da modalidade cardiofitness para pessoas idosas:
Frequência: de 30 até 60 minutos de intensidade moderada, acumulando este tempo, em episódios de pelo menos 10 min cada, totalizando entre 150 a 300 minutos por
semana; ou de 20 até 30 minutos ou mais, em atividades de intensidade vigorosa totalizando entre 75 a 150 minutos por semana – esta combinação pode incluir
atividades moderadas e vigorosas.
O treinamento cardiofitness é uma estratégia essencial para a promoção da saúde em geral, destacamos, os amplos benefícios desta prática:
 Promove o seu desenvolvimento humano e bem-estar, ajudando a desfrutar de uma vida plena com melhor qualidade;
 Melhora as suas habilidades de socialização, por meio da participação em atividades em grupo;
 Aumenta a sua energia, disposição, autonomia e independência para realizar as atividades do dia a dia;
 Reduz o seu cansaço durante o dia;
 Melhora a sua capacidade para se movimentar e fortalece músculos e ossos;
 Reduz as suas dores nas articulações e nas costas;
 Melhora a sua postura e o equilíbrio;

 Reduz o seu risco de quedas e lesões;
 Melhora a qualidade do seu sono;
 Melhora a sua autoestima e autoimagem;
 Auxilia no controle do seu peso corporal;
 Reduz os sintomas de ansiedade e de depressão;
 Ajuda no controle da pressão alta;
 Reduz o colesterol e o diabetes (alto nível de açúcar no sangue);
 Reduz o risco de desenvolver doenças do coração e alguns tipos de câncer;
 Melhora a saúde dos seus pulmões e sua circulação;
 Ajuda na manutenção da sua memória, sua atenção, sua concentração, seu raciocínio e seu foco;
 Reduz o risco para demência, como a doença de Alzheimer (BRASIL, 2021, p.28).

No PIAFI, todas as atividades cardiofitness são monitoradas e as variáveis coletadas pela Equipe do Programa. As modalidades de cardiofitness podem ser executadas em
esteiras e bicicletas ergométricas, aparelho de remo e elíptico transport. Além destes, dispomos de uma área livre, para os alunos com alguma dificuldade de acesso inicial a
estes aparelhos, podendo usar inicialmente esta área para a prática de cardiofitness, e realizar a sua progressão de forma confortável, segura e gradual, de acordo com as
especificidades de cada idoso.

Tatiane Soares José Acadêmica do Curso Bacharelado em Educação Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul - 8º semestre Estagiária de Educação Física – Equipe PIAFI


Referências:
BRASIL. Ministério da Saúde. Guia de Atividade Física para a População Brasileira. 2021.

Chodzko-Zalko, W. J.; Proctor, D. N; Fiatarone Singh., M.A.M.D.; Minson, C.T.; Nigg, C.R.; Salem, G.J.; Skinner, J.S. Exercise and Physical Activity for Older
Adults (Position Stand American College of Sports Medicine/ACSM). Medicine &
Science in Sports & Exercise, 41(7) 1510-1530, july, 2009.

DEPARTMENT OF HEALTH AND HUMAN SERVICES. 2018 Physical Activity
Guidelines Advisory Committee Scientific Report. Washington, DC: U.S., 2018.
Ferreira, L.F.; Rodrigues, G.D.; Soares, P.P.S. Volume de Treinamento Aeróbio para o
Aumento da Variabilidade da Frequência Cardíaca em Idosos. International Journal
of Cardiovascular Sciences, v.30, n.2, p.157-162, 2017.

Fleg, J. L., Morrell, C. H., Bos, A. G., Brant, L. J., Talbot, L. A., Wright, J. G., & Lakatta,
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Gonçalves, A.K., Teixeira, A.R., Valentini, N.C., Vargas, A.S.R.D., Possamai, V.D.;
Martins, V.F. Multicomponent physical activity program: study with faller and non-faller
older adults. Journal of Physical Education, v.30, n.e3077, 2019.

Ramírez-Vélez, R., Correa-Bautista, J. E., Lobelo, F., Izquierdo, M., Alonso-Martínez,
A. M., & Rodríguez-Rodríguez, F. (2017). High muscular fitness has a powerful
protective cardiometabolic effect in adults: influence of weight status. BMC Public
Health, 17(1), 851.

Seals, D. R., & Edward F. Adolph Distinguished Lecture: The remarkable anti-aging
effects of aerobic exercise on systemic arteries. Journal of applied physiology
(Bethesda, Md. : 1985), 121(2), 299–307. (2016).

Silverthorn, D. U. (2016). Fisiologia Humana: Uma Abordagem Integrada. 7ª edição.
Editora Artmed.